segunda-feira, 16 de maio de 2016

Pescando Histórias

Atenção para a descrição do MONSTRENGO : um comprimento de 12,65 metros - sendo de 7 de metros em torno da parte mais volumosa de seu corpo - e um peso de estratosféricas 15 toneladas ! Não , não se trata de um daqueles fantásticos e fantasiosos monstros ultimamente tão presentes nos filmes de Hollywood mas sim de um .....PEIXE ! Também não é nenhuma história de pescador e isso está registrado até no GUINESS BOOK , o famoso livro dos recordes ( ou seria também das bizarrices ? ) : o tal peixe foi capturado nas proximidades da ILHA BABA , localizada a alguns quilômetros da cidade paquistanesa de Karachi em 11 de novembro de 1949 e de uma espécie rara , que se alimenta de plânctons e vive nas áreas mais quentes dos oceanos Atlântico , Índico e Pacífico . Também pudera : ele nada mais era do que o maior exemplar já pescado até hoje do Rhincodon typus  ou , simplesmente , TUBARÃO-BALEIA ......Nem é preciso ir até o longínquo litoral do  Paquistão para ouvir histórias tão ou mais fantásticas do que essa , aliás , elas estão a alguns quilômetros de Joinville embora , infelizmente , já não sejam mais tão comuns como antigamente ......Assim como os seus antepassados açorianos , que chegaram se estabeleceram no distante século 18 na região  onde hoje é o balneário de BARRA VELHA , aqueles homens humildes tiram do mar o seu tão difícil sustento e indo , literalmente , contra a maré enfrentam também o lado nocivo do progresso , a indiferença da maioria das pessoas em relação a sua importante profissão e , acima de tudo , para dar continuidade a uma velha atividade e tradição : A PESCA ARTESANAL . Morador de Barra Velha e brilhante , como sempre , o escritor são bentense DONALD MALSCHITZKY nos revela na crônica de hoje o seu lado "homem do povo " e traz histórias e fatos do cotidiano desses homens de vida tão sofrida , que vivem em perfeita comunhão com a mãe natureza e que lutam tão arduamente para sobreviver .......CONFIRA :

"Pesco histórias com os pescadores de Barra Velha ( ABAIXO ) ,

 em meio

a Pedreira, Deus me Guie, Barbi, Yara, Cauã, Águia III, Giovana,

Mar, Cirineu, Mimoso, Yoko e mais alguns barcos com suas proas

apontadas para o mar, com ânsia de navegar,

 e outros, já

escorregados sobre as estivas ensebadas e puxados para o

descanso da faina das ondas e da lida com os peixes espalhados

em seus fundos.

Menssageiro ( sic ) passa rente às pedras, encalha

na areia e já mãos ágeis o guiam e puxam. Parcos peixes, tão

diferente dos tempos da saudade. ' Trinta real '  leva.


' Meu padrinho, o Dequinha ( ABAIXO ) , era vigia ali entre a lagoa e o mar.

Tinha uma duna; quando via o cardume de tainhas, fazia sinal com

um casaco, qualquer coisa, e eles iam colocar a rede de arrasto.

As

mulheres levavam almoço pra ele, aí ele comia, ficava com sono, e

muitas vezes rolava duna abaixo.

Tinha o vigia do Sul, que era ele,

e o do Norte, que era o Anásio ( ABAIXO ) , irmão do Dequinha. Pegava muita

tainha aqui ' .

E continua Etevaldo : ' Agora não dá mais, pois o mar

leva e traz de volta, aí construíram aquelas casas todas entre o mar

e a lagoa ( ABAIXO ) ,

o mar levou muita coisa e ficaram os pedaços no fundo,

acabou a pesca de arrasto ' . ( ABAIXO )


Etevaldo Oliveira morava entre o mar e a lagoa. ' Tinha peixe

e camarão ( ABAIXO ) na lagoa e uma duna bem grande perto dela.

 De noite,

as mulheres iam até lá e levavam as crianças e a gente rolava lá de

cima. Em noite de lua cheia, a luz batia na água, era a coisa mais

linda.

Aquilo era um paraíso, só tinha uma dúzia de casas de

pescadores,

 até que lotearam tudo e deram uma casinha para cada

pescador, lá perto de onde é a Câmara de Vereadores ( ABAIXO ) . E a lagoa

virou um esgoto. '


Conta que ouviu que ali, na Praia Central ( ABAIXO ) , onde tem aqueles

canos e entra um riacho, era rio de entrar com vela

 e pescar robalos ( ABAIXO )

e tainhas. Somente uns pingos de água escura na praia ainda o

testemunham.


Gaivotas ( ABAIXO ) nos telhados e nas pedras, à espera dos restos da

limpeza dos peixes, mas não há evoluções. Falta-lhes Fernão

Capelo.

 Um homem deposita algumas entranhas de peixe próximo

às ondas e o céu se metamorfoseia em asas e cantorias.

 Um

cachorro  com cara de quem se diverte, aguarda até que elas se

aproximem dos petiscos e, calmamente, dirige-se até elas,

provocando novo alvoroço.

O mesmo homem tenta tocá-lo de lá.

Acho que ele sorri sacanamente ao dar alguns dribles nele e,

desdenhosamente, afasta-se com ar superior, afinal já havia se

divertido o suficiente.


E as proas ainda buscam o mar. "

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