quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

" Causos " de Minha Terra

Afinal , o que leva alguém a deixar a sua terra natal para ir morar em algum lugar distante ? Pobreza ? Falta de oportunidades profissionais ? Perseguições políticas ou religiosas ? O gosto pela aventura e pelo desafio em uma terra estranha ? Seja lá qual for o motivo , ou os motivos , eles não se encaixam no caso de MANOEL LOURENÇO DE ANDRADE ......Português ( era natural da cidade de Lamego ) , homem rico e influente na então capitania de São Vicente ( território equivalente hoje ao Estado de São Paulo ) e em razão justamente de ser uma figura importante na sociedade local , o MARQUÊS DE CASCAIS , dono daquele território, lhe confiou uma missão até certo ponto árdua : fundar uma nova vila em uma distante região localizada algumas milhas ao sul .....Não se tratava de um lugar ermo e isolado , muito pelo contrário : aquela paradisíaca ilha localizada bem na entrada de uma igualmente bela baía e não muito distante da recém fundada vila de Paranaguá , vinha há mais de 100 anos sendo visitada por expedições marítimas de várias nações e , contava-se , até por uma expedição de franceses liderados por um certo BINOT PAULMIER DE GONEVILLE ......Mais : por volta de 1553 uma expedição espanhola também teria estado ali . Além de batizarem a própria ilha e aquilo que julgavam ser equivocadamente um rio - na verdade a baía da Babitonga - com o nome de SÃO FRANCISCO ali nasceu um menino , filho do casal HERNANDO DE TREJO e MARIA DE SANÁBRIA , que recebeu o nome de HERNANDO DE TREJO Y SANÁBRIA e que futuramente seria bispo da cidade argentina de Tucúman e fundador da Universidade de Córdoba , também na Argentina.......Curiosamente , embora ali já existisse desde por volta de 1642 uma rústica capela em honra a Nossa Senhora da Graça e desde essa mesma época já existisse um pedido de concessão de terras naquela região feita ao então rei português DOM JOÃO IV por um tal ANTÔNIO FERNANDES , todas as tentativas de fundação de um povoado ali haviam dado em nada ......
        Missão dada missão cumprida : após longa e cansativa viagem Manoel Lourenço de Andrade chegou à região dotado de poderes absolutos e liderando um numeroso grupo , constituído pela sua família , parentes , amigos , agregados e escravos e trazendo gado e ferramentas agrícolas : naquele 23 de março de 1658 nascia a povoação de NOSSA SENHORA DA GRAÇA DO RIO DE SÃO FRANCISCO , futura SÃO FRANCISCO DO SUL......." Os acertos nascem com os erros " , o fundador daquela povoação pôde sentir na pele esta frase : após tentar estabelecer a vila - sem sucesso - nas margens dos rios PARANAGUAMIRIM ( segundo alguns historiadores essa região seria mesmo o bairro joinvilense que leva esse nome ) , PARATI ( em local onde hoje está Araquari ) e me região entre as pontas da Cruz e do Itacorubi ( já ilha ) ele finalmente a estabeleceu onde hoje está o centro de São Francisco , Teve pouco tempo para contemplar a sua obra : faleceu em 1665 e está enterrado em local onde está a igreja matriz da cidade ........Ao cumprir uma missão dada por um nobre português , ele não apenas deu início a mais antiga povoação catarinense mas também a lugar especial : como se não bastassem as belezas naturais do lugar , com os seus belos casarios históricos e ruas estreitas , São Francisco é repleta de fatos históricos , como os casos de maldade protagonizados por ANTÔNIO FRANCISCO FRANCISQUES - sucessor de Manoel Lourenço de Andrade administrador da vila - e o antigo leprosário cujas ruínas ainda estão de pé na região da praia do Capri e ainda de histórias cheias de lenda , fantasia e misticismo . Terra onde todos têm apelidos e onde a alegria e bom humor de seu povo , os  personagens folclóricos e engraçados também são marcas registradas . Filho de São Chico , HILTON GORRESEN nos brinda na crônica de hoje com algumas dessas histórias impagáveis ......mais uma vez , certeza de BOAS GARGALHADAS ! CONFIRA :

"Francisquense é fogo. Em São Chico, se a pessoa der um pum fora da escala

musical, por certo cai na boca do povo.

Sente aí, leitor, encha seu copo e ouça algumas

estórias que circularam nas ruelas desta bela cidade ( ABAIXO ) ,

 algumas velhas, de um tempo em

que todos conheciam todos. ( ABAIXO , FOTO DE SÃO FRANCISCO DO SUL , EM 1935 )


Num determinado velório, um bom samaritano da vizinhança achou que o defunto

estava muito pouco apresentável.

 Gente pobre, a família não tinha conseguido um traje

melhor. ' Deixa comigo '  – falou. Foi ao seu guarda-roupa, escolheu um paletó que há

muito tempo não usava ( talvez quisesse desfazer-se dele )

e levou-o para ser colocado no

defunto, que assim ficou mais elegante. Quem sabe se até para entrar no céu

os mais

bem vestidos têm preferência.

À noite, após o enterro, numa conversa sobre as finanças, lembrou de perguntar à

mulher :

         – Bem, onde você meteu aqueles dólares que lhe dei para guardar ?


– Sabe aquele paletó que você não usa mais ? Pois guardei tudo dentro do bolso

interno.


Um indivíduo chegado a farras voltou à noite de uma festa num estado lastimável.


Chegando em casa, foi aos esbarrões pelo corredor. De um lado era a porta de seu

quarto, de outro a porta dos fundos, que ia dar no quintalzinho onde criavam galinhas e

uma enorme porca.

Foi nessa porta que nosso amigo entrou, ou melhor, saiu. Jogou-se

no chão e dormiu ali mesmo.

Quando acordou, no outro dia, estava agarrado a um corpo

quente, que arfava em suas mãos. Então falou :

– Mulher, estás de camisola nova, toda cheia de botão ?

Aí notou que estava agarrando as tetas da porca.


Bons tempos em que a gente ia de ônibus da ' linha '  Vogelsanger ( ABAIXO ) assistir à festa

de Araquari.

Qualquer prêmio ganho nas barracas de bingo ou de argolas era uma

alegria: carteira de cigarros, garrafa de vinho barato, refrigerante, etc.( ABAIXO , PROCISSÃO DO SENHOR BOM JESUS , QUE ACONTECE TODOS OS ANOS NO MÊS DE AGOSTO EM ARAQUARI )


         Certo cidadão foi um dia a essa festa, vestido a caráter, de terno e gravata. Após a

procissão e a missa, dá-lhe churrasco com cerveja.

        De repente, deu uma baita dor de barriga.

Não havia banheiro. Procurou o mato.

Mas primeiro tirou o paletó e o depositou no chão. Estava escuro, e saiu procurando um

lugar em que o mato era mais ralo,

 que a vegetação não lhe atrapalhasse o ato.

Foi tateando, tateando, até que achou um local adequado: chão macio,

aveludado. É aqui mesmo ! E obrou à vontade.

 Claro, todos já devem ter adivinhado que

tinha largado o ' material '  em cima do elegante paletó.


Fim do espaço. Existem mais ' estórias '  em S.Chico ( ABAIXO ) do que espaço disponível

para contá-las. "

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