Segundo o último censo , realizado em 2010 , a população brasileira de 190.755.799 pessoas . Nesse universo gigantesco apenas 0 , 47 % da população , ou exatamente 896.917 indivíduos eram índios , que por sua sua vez dividiam-se em 246 povos . Sem dúvida alguma , números inexpressivos em se tratando de um a etnia que um chegou a ser de milhões de pessoas e de milhares povos ......Para se ter uma ideia , a população indígena do país é inferior à população de SÃO GONÇALO , município da região metropolitana do Rio de Janeiro e que em 2013 tinha 1.038.081 habitantes ......A população indígena hoje pode ser uma minoria mas é inegável a sua presença nos mais diversos setores da sociedade brasileira . Uma dessas valiosas heranças está na própria língua que falamos : vários termos , como CABOCLO , CATAPORA , ABACAXI , GAMBÁ , TORÓ e PIPOCA são de origem indígena . Nesta vasta galeria está a palavra MUTIRÃO : ela tem origem no termo POTYROM , palavra tupi que significa " pôr as mãos juntas , trabalhar junto " , que por sua vez tem origem no termo PÔ ( não é brincadeira , é verdade ! ) , que significa " mão " . Entende-se como mutirão aquele trabalho comunitário , muitas vezes não só em prol da própria comunidade como também a favor de um grupo de pessoas desassistidas ou portadoras de necessidades especiais . Por vezes um mutirão também pode ter finalidades gastronômicas ........É o que nos conta hoje o Forrest Gump de Joinville ROBERTO SZABUNIA : em uma crônica de dar água na boca dos leitores ele aproveita para mais uma vez relembrar suas , fazendo o trocadilho , DELICIOSAS HISTÓRIAS ocorridas ainda no tempo em que viveu em sua amada e natal Rio Negrinho . CONFIRA :
"Essa crônica não se refere à obra maravilhosa das senhoras reunidas sob o
Mutirão do Amor , aqui em Joinville . ( ABAIXO )
Nem tampouco ao samba de Jorge Aragão . ( ABAIXO )
O mutirão do título é aquele que me vem à memória todos os anos , por essa
época : a produção de bolachas de Natal .
Admiro e invejo – no bom sentido , claro – as famílias , tanto cá de baixo quanto
lá de serra acima , ( ABAIXO , VISTA DE RIO NEGRINHO )
que mantêm a tradição das bolachas e dos biscoitos típicos
do fim de ano .
Penso que , guardadas as devidas diferenças , tudo continua
igual . Nas minhas lembranças vem algum sábado qualquer de meados de
novembro . A agitação começava durante a semana, com a compra dos
ingredientes nas duas vendas do bairro Alegre . ( ABAIXO )
Como as quantidades eram
grandes , envolvendo quilos de farinha e açúcar e litros de melado , entre outros
itens , muito precisava ser encomendado junto a atacadistas .
No dia da produção , minha babushka, a Baba ,
comandava a atividade no
rancho . Ela , tia Maria e tia Zefa
eram as ' bolacheiras oficiais ' , determinando
quantidades e fazendo as misturas dos ingredientes . Aos homens que se
dispusessem a colaborar cabiam tarefas auxiliares , sem atrapalhar . Na
verdade , as mulheres davam conta do recado tranquilamente . Ah , sim , é bom
salientar : meu tio Ênio ,
funcionário da latoaria do Waldemar Bublitz ,
produzia
os moldes das bolachas ; restos de latão , alguns deles ainda mostrando
resquícios das marcas Samrig e Primor ,
viravam estrelas , corações , meias-
luas , cabeças de Noel e pinheirinhos . Depois, era só pressionar os moldes
sobre a massa esticadinha , dando forma às bolachas . Quanto mais moldes ,
mais mãos pressionando , e aí sim o mutirão pegava pra valer .
Simultaneamente , o velho moedor de carne se transformava em moldador de
massa ,
e pelos seus furos saía o que viria a ser o biscoito de amendoim .
Lá fora , no outro ranchinho , o forno
enchia o ar com a aromática fumaça , uma
mistura dos cheiros de lenha e das bolachas e biscoitos prontos . Quilos e
quilos de delícias incomparáveis deixavam o forno a bordo das incansáveis
fôrmas retangulares .
Assim que esfriavam um pouquinho , as bolachas seguiam
de volta pro rancho . Era a hora de confeitá-las , cobrindo-as com nata colorida e
açúcar cristalizado .
Os biscoitinhos , por sua vez , já iam do forno para as latas ;
alguma quantidade , claro , ficava em latas menores , na despensa, para
consumo imediato . Já as bolachas , ah , essas seriam quase todas guardadas
para o Natal ;
umas poucas, sem cobertura , podiam ser saboreadas na hora ,
ainda quentinhas , ' só pra experimentar ' . Imagine , curioso leitor e ávida leitora ,
aguentar aquele aroma inigualável e poder mastigar só uma ou duas bolachas .
Para as crianças era uma verdadeira tortura !
O mutirão do amor das bolachas representava , mais que tudo, o início da
época mais aguardada do ano .
A partir dali , o espírito natalino tomava conta de
Rio Negrinho (meu pequeno universo de então - ABAIXO , VISTA DE RIO NEGRINHO , NOS ANOS 60 ) .
A rádio passava a tocar com
mais frequência as faixas do disco de Luis Bordon com sua harpa ; ( ABAIXO )
na vitrine da
Relojoaria Confiança as revistas davam lugar ao presépio mecanizado ; na
outra vitrine, da Casa Meyer , babávamos vendo os brinquedos maravilhosos ;
as prateleiras das vendas ficavam multicoloridas com os papais noéis de
chocolate Buschle ;
e todos os corações transbordavam de ansiedade,
expectativa e amor .
Hummm... Tô sentindo cheirinho de bolacha no ar..."
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