segunda-feira, 28 de setembro de 2015

As Árvores da Vida

Era uma vez uma família de belas , frondosas e imponentes árvores que se estendia em uma longa faixa litorânea em um vasto território tropical  cujos únicos senhores eram talvez milhares de nações de índios . Essas árvores tinham uma seiva de cor vermelho intenso , parecendo uma brasa , tinham alturas que variavam entre 10 e 15 metros e pesavam cerca de 30 quilos . Só que eis que de repente aparecem homens pálidos , barbudos , trajando pesadas roupas , vindos em enormes e estranhas "cascas " flutuantes e com panos enormes ; não eram lá muito amistosos e os antigos senhores da terra , os índios , lhes deram o nome de PERÓS ( que significa TUBARÃO ou OS QUE VEM DO MAR ) . Quase na mesma época outros homens pálidos , barbudos e vestidos também vieram, só que muitos deles tinham o cabelo mais claro que os do primeiros e eram muito mais amigáveis e que os índios chamavam de MAÍRES ( transformadores ) ou AYURUJUBAS ( papagaios falantes ) . Os homens pálidos podiam ser diferentes mas tinham algo em comum : um inexplicável interesse por aquelas árvores , que a princípio não tinham nada de mais . Há séculos tendo uma convivência  sábia , perfeita e harmoniosa com a natureza , os índios não resistiram quando os homens pálidos lhes mostraram e lhes ofereceram aquilo tudo : pentes , correntes , chapéus , roupas , facas , machados......Mas havia um porém : os índios só ganhariam aquilo tudo caso derrubassem , rachassem e transportassem aquelas árvores até as "cascas flutuantes " dos homens pálidos , E os índios não pensaram duas vezes : percorriam uma distância entre 13 e 20 quilômetros , levavam cerca de 4 horas para realizar o serviço e  transportavam  as toras sobre os próprios ombros , até os locais de embarque ( cada navio transportava em média 5.000 toras ) . Resultado : em cerca de 150 anos a tal árvore já era escassa .......Os perós nada mais eram do que os portugueses , os maíres ou ayurujubas eram os contrabandistas franceses  e a árvore era a CAESALPINIA ECHINATA , ou simplesmente , o PAU-BRASIL . Curiosamente , o monopólio de sua exploração - que era do governo - existiu até 1859 , época em que a árvore já era raríssima e a sua última exportação data de 1875 : estima-se que em mais de 300 anos de exploração foram derrubados mais de 70 milhões de paus-brasil .

      Originário de Sumatra , uma das ilhas que formam o arquipélago da Indonésia , a árvore , conhecida desde a Idade Média , era intensamente utilizada na indústria têxtil , especialmente no tingimento das luxuosas roupas usadas por reis e nobres , e em menor escala na construção naval . Embora um navio carregado de toras de pau-brasil valesse o equivalente a sete vezes menos que um navio carregado de especiarias asiáticas , ele poderia proporcionar lucros de até 300 % e os principais pólos têxteis europeus - INGLATERRA e FLANDES ( atual Bélgica ) - utilizavam quase que exclusivamente a resina das árvores extraídas das terras tupiniquins . Outra curiosidade envolvendo a histórica árvore : a palavra BRASIL vem do francês BRÉSIL , que por sua vez teve origem em um termo do dialeto toscano ( um dos dialetos falados na atual Itália ) : VERZINO , que significa VERMELHO , e o termo BRASILEIRO era usado para se referir aqueles que atuavam na extração do pau-brasil ( gramaticamente o termo correto para quem é  natural do Brasil seria BRASILIENSE ) .......A trágica história de quase extinção do pau-brasil infelizmente não é a única : o mesmo país cujos nome , exploração econômica e colonização surgiram em função da exploração predatória de uma árvore , é um dos países do mundo que mais desmatam . Chega também a ser irônico  que a nada saudosa ditadura militar , uma das maiores incentivadoras desta devastação , tenha instituído - através de um decreto de 24 de fevereiro de 1965 - a FESTA ANUAL DAS ÁRVORES ( a data é celebrada em 16 Estados brasileiros e sempre em um dia do final do mês de março ) , como um forma de conscientizar as pessoas para a importância das árvores . Mas não há decreto que dê jeito caso não exista uma palavra mágica , de 8 letras : EDUCAÇÃO . Amante assumido da natureza , na  crônica de hoje o escritor LUIZ CARLOS AMORIM lembra desse elemento tão vital da natureza e que é responsável por boa parte do oxigênio que respiramos . CONFIRA :



"Chega de novo o dia da árvore 



e acho que não temos muito para comemorar, pois nós, seres humanos, não sabemos ou não queremos cuidar bem da natureza.



 Nós não cuidamos do nosso meio ambiente, não protegemos as árvores que nos dão tudo, até o ar que respiramos e sem o qual não vivemos. O resultado é um planeta cada vez mais maltratado e e poluído, com cada vez menos condições de dar sustentação à vida.




Eu não tenho árvores grandes em minha casa, pois meu jardim é pequeno e é o único lugar onde tem um pouquinho de terra para plantar. E gostaria, gostaria de ter uma grande área para plantar muitas árvores e cuidar bem delas.


Mas tenho meus pés de jacatirão,

 jovens, pequenos, mas que florescem lindamente, alguns pés de araçá, pequenos, embora produzam abundantemente e um pé de limão, ainda jovem, que brotou de alguma semente jogada na terra.

 Eles me fazem festejar o dia da árvore, eles me lembram da importância vital do verde para o ser humano.
E por falar em jacatirão, o manacá-da-serra, aquela variedade de jacatirão do inverno,

 que floresce em julho, ainda está florido, fazendo companhia para os ipês, que estão cobertos de sol. Já nem sei mais direito a época de florescência deles, dos ipês, 

com todo esse descompasso do tempo, resultado do nosso descaso para com o meio ambiente, que têm mudado tudo, inclusive as estações. 
Dá gosto ver árvores majestosas como o ipê e o jacatirão exibirem suas flores e suas cores ao mesmo tempo e é uma coisa que não é normal, pois o manacá-da-serra floresce em julho,

 dificilmente alcançaria a florada do ipê. E a nossa primavera entra, assim, ornada com as flores douradas do ipê, que irradiam luz, 

e as flores do jacatirão-manacá, que ainda persistem. Persistem, apesar do nosso descaso para com Mãe Natureza.

Como eu já disse em outra crônica, eu gosto de árvores. Gosto de muitas coisas: de um sorriso de criança, de um rio de águas claras,

 de flores, campos e praças. Gosto de natureza, simplicidade, pureza, de terra, mar e de sol.

 E gosto muito de árvores. Gosto delas na primavera, no inverno, no verão e até no outono.

 Gosto do verde das árvores, gosto da cores das suas floradas, gosto da sua sombra, 

dos seus frutos. Gosto de árvores pequenas, médias e grandes, símbolos da natureza.

 E parabenizo a todas elas, que nos dão tanto, a todos nós, até purificam o ar que respiramos e nós cuidamos tão pouco delas... 
 

Que não nos lembremos de refletir sobre o valor das árvores em nossas vidas apenas num dia do ano reservado a elas. Precisamos nos conscientizar que sem elas, 

não sobreviveremos neste planeta que já foi mais azul. Se não protegermos nossas matas, nosso verde, a água desaparecerá e tudo virará deserto. E a vida não resiste em desertos.

Todo dia é dia das árvores, é dia da vida. "

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