terça-feira, 25 de agosto de 2015

Ela Chegou !

Cientificamente o que acontece é o seguinte : na data de 23 de setembro , em virtude do movimento de rotação da Terra em torno do Sol , tanto o hemisfério norte quanto o hemisfério sul recebem mesma quantidade de calor  pois aparentemente o Sol "percorre " a linha imaginária do Equador ; esse fenômeno é chamado de EQUINÓCIO e marca o início de uma das estações do ano , que tem como uma de suas características mais marcantes e a intensa renovação da vida , tanto animal quanto vegetal . No hemisfério a estação inicia-se exatamente às 18 horas e 20 minutos do dia 23 de setembro e estende-se até às 14 horas e 44 minutos do dia 21 de dezembro ( no outro hemisfério ela vai de 20 de março à 21 de junho ) . Um das eternas musas e fontes de inspiração de poetas , músicos , escritores e demais artistas , na ARTE o conceito de PRIMAVERA é completamente diferente daquele frio , exato e pragmático da Astronomia .......A primavera rende versos como esses : " .....As flores se abrem perfumando o ar / Tudo que é bonito sai pra se mostrar / Cada novo dia é uma festa para se viver / Uma poesia que o Sol faz nascer   Uma aquarela em todo lugar / Toda natureza quer se namorar / É como se o mundo se enfeitasse de azul / Ou de um arco-íris que ligasse o norte ao sul ......." O que você acabou de ler é um trecho da música PRIMAVERA , interpretada pela apresentadora ELIANA em 1999 . Trata-se de um versão do compositor PAULO SÉRGIO VALLE para um antigo sucesso de um dos astros da música romântica , BARRY WHITE ( 1944-2004 ) , e que se chama ANY FOOL COULD SEE . Hoje o escritor DONALD MALSCHITZKY está mesmo inspirado ! Nesta crônica-poesia - mitologia ele saúda a primavera , que em 2015 deu o ar de sua graça muito tempo antes da hora . CONFIRA :



"A breve brisa soprou as cortinas e enrodilhou-se junto à moça



que dormia em cobertas de penas, sonhando sonhos de veredas



perfumadas.



Ficou a soprar seus cabelos e fazer cócegas na



orelha, murmurando baixinho: ' Primavera, Primavera ' .



 Virou-se a



moça para o outro lado, pois era tempo de dormir e fazia frio lá fora.



Extemporâneo pintassilgo pousou no peitoral e piou sua  saudação



fora de hora.



 Primavera esfregou os olhos e, pelo sol a refletir na



Ampulheta, julgou que dormira demais, que passara da hora, mas



não reparou que havia areia a escorrer.





Com ímpeto, levantou-se e vestiu sua guirlanda do ano



passado.



Ao mirar-se no espelho,



apesar de murchas as flores e



folhas a coroá-la,  sorriu um sorriso de néctar.  De pés descalços,



correu até o labirinto onde descansavam os mais fortes ventos e os



liberou para que chacoalhassem as árvores até acordarem para a



dança dos ramos que se desejam enfeitados de flor.



Também que



varressem o céu das nuvens plúmbeas lhes pediu e que visitassem



a montanha e beijassem o mar e levantassem as ondas



para que



lavassem as rochas e levassem os peixes a passear.



Esgueirou-se pela floresta e cutucou o lagarto que dormitava,





acarinhou o pescoço do sabiá



 e buscou colmeias nos ocos das



árvores para sussurrar às abelhas que estava próxima a hora de



lamber flores,



 traçar alados caminhos e carregar doçuras.



Subiu na árvore mais alta



e apurou o ouvido: pequenos



chilreios, ronronares de quem acorda e se esfrega em quem está ao



lado para proteger e ser protegido, a canção de brisas esparsas nos



ramos desnudos e no capim seco a acarinhar passos distraídos, o



som do mastigar de talos de um casal de preás,



 o farfalhar de pés



de pássaros nas folhas a cobrir sua comida, o pio estridente do



gavião perseguido por bem-te-vis.





Voltou ao quarto,



 era hora de urdir a nova guirlanda. Ao



colocá-la, a Ampulheta das Estações chamou-lhe a atenção: ainda



era inverno.  Era tarde agora: ipês já roxeavam e amarelavam o céu





e pintavam Brasis nos pastos, jacatirões e manacás exibidos



saudavam os viajantes, hortênsias ameaçavam acordar,  o pólen



flanava entre flores,  nos jardins,  crianças e cachorros aspergiam



alegria sobre os passantes e a  revoada de beija-flores



 assustava



olhos que diziam mais nada querer ver. Já era de Primavera a



estação, apesar de inverno. "


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