sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Entrevista : HELGA TYTLIK

TERRA DA GAROA , TERRA DO TRABALHO , LOCOMOTIVA DO BRASIL , PAULICÉIA DESVAIRADA , CIDADE QUE NUNCA PARA , CIDADE SEM ÁGUA........vários são os "títulos "dados à São paulo e variados também são os adjetivos dados à ela : colossal , multicultural , problemática , caótica , intrigante........talvez a melhor definição em relação à São PAULO tenha sido dada pelo autor de novelas CARLOS LOMBARDI por ocasião dos festejos dos 450 anos de fundação da cidade , em 2004 : " SÃO PAULO É UMA CIDADE DIFÍCIL , ATÉ PARA GOSTAR DELA " . A gigantesca metrópole também é o local onde começa a história  da nossa entrevistada do mês .......Executiva bem sucedida , com passagens por grandes empresas como a poderosa WOLKSWAGEN , HELGA TYTLIK sempre teve gosto pelas artes e a cultura mas algo estava adormecido dentro dela .......Tendo um parente já vivendo em Joinville , acabou se encantando coma cidade e aqui está radicada há mais de 30 anos . A mudança não foi apenas de cidade mas também de vida : no lugar do agitado , competitivo e até cruel mundo corporativo entrou o lúdico e criativo mundo das artes , com Helga tornando-se artista plástica e um dos membros mais atuantes da Associação dos Artistas plásticos de Joinville ( AAPLAJ ) , mas mesmo assim algo ainda estava faltando.........Após participar de uma palestra sobre economia e cultura em sua São Paulo natal , Helga decidiu unir seus vastos conhecimentos de administração e negócios com seu talento artístico e observando também o vasto potencial dos artistas joinvilense e da cultura local , decidiu ser ousada : em 2011 criou a TUCUNARÉ PRODUÇÕES ARTÍSTICAS . Trata-se de uma empresa cultural , que além de servir de apoio aos artistas locais também investe na chamada ECONOMIA CRIATIVA . A ideia acabou dando certo e um ano após sua criação a empresa já tinha  150 artistas agenciados , não apenas de Joinville mas também de cidades vizinhas , sendo que além de contribuir para a difusão da cultura e da artes locais a empresa também contribui para a profissionalização da ocupação de artista . Uma iniciativa , sem dúvida , louvável e corajosa em um país que infelizmente despreza a cultura ! Mas provavelmente você já deve ter se perguntado : O QUE É ECONOMIA CRIATIVA ? Nesta conversa HELGA TYTLIK ( FOTO ABAIXO )  não apenas traz a explicação como nos mostra que ela está mais presente em nosso cotidiano do que imaginamos . CONFIRA :



1 - O QUE A FEZ VIR MORAR EM JOINVILLE ?
HELGA - Depois de 38 anos de carreira na indústria resolvi investir no fazer artístico, ansiedade que me acompanhava desde a adolescência. Comecei a visitar a cidade devido a um parente que mudou para cá e encantei-me com o movimento artístico. Na época havia um grupo chamado QUINTAS CONTEMPORÂNEAS que discutia arte e políticas publicas e foi inclusive o grupo que deu os primeiros passos para a criação do Museu Luiz Henrique Schwanke, ( FOTO ABAIXO ) do qual passei a ser sócia-fundadora.





2 - QUAIS FORAM SUAS PRIMEIRAS IMPRESSÕES DA CIDADE ?
HELGA - Logo nas primeiras visitas apaixonei-me pela cidade e suas possibilidades, perto do mar e perto da serra, a limpeza, as flores, tudo. 




3 - O QUE A FEZ TROCAR O CAMINHO DE EXECUTIVA BEM SUCEDIDA EM GRANDES EMPRESAS COMO A WOLKSWAGEN PELO INCERTO CAMINHO DA CULTURA NO BRASIL ?
HELGA - Sempre apaixonada por arte, somente na maturidade é que pude fazer a opção de escolher o que queria fazer. A carreira na indústria foi ótima, mas resolvi dar-me a oportunidade de vivenciar o que desejava. Atuei alguns anos como artista fazendo pesquisa em encáustica, em paralelo na diretoria na AAPLAJ  ( ABAIXO , GALPÃO DA AAPLAJ , LOCALIZADO NA CIDADELA CULTURAL )




e em 2008 fui convidada para o cargo de coordenadora de desenvolvimento cultural da Fundação Cultural de Joinville. Um pouco antes, em 2006, fiz a produção de algumas oficinas especiais para o Simdec e conheci a Ana Carla Fonseca e a economia criativa que deu-me a oportunidade de aliar os conhecimentos empresariais com os de cultura. Encontrei-me neste conceito e fui aprimorando meus conhecimentos até ser hoje uma especialista no assunto.

4 - COMO VOCÊ DEFINIRIA , EM POUCAS PALAVRAS , A ECONOMIA CRIATIVA ?
HELGA - A Economia criativa é a produção, circulação e demanda da criatividade, do conhecimento e da experiência a partir das singularidades culturais. Na economia formal a nossa meta é dinheiro, lucro. Na economia criativa a meta é valorização dos intangíveis – qualidade de vida, felicidade, bem estar, respeito, etc...sempre levando em conta a cultura , conceituada aqui como tudo o que compõe o indivíduo




5 - PODERIA CITAR EXEMPLOS ?
HELGA - Milhares: Por exemplo , Guaramiranga no Ceará era uma cidadezinha pequena, com poucos habitantes ao pé da serra, refugio de pessoas que não gostavam do carnaval de Fortaleza. Acabou-se formando um grupo de músicos de jazz, que tocavam pelo prazer. A partir de conversas e construções com duas pessoas mais empreendedoras, a cidade acabou crescendo trazendo mais jazzistas, transformando as antigas fazendas de cacau decadentes em pousadas e restaurante e com isso a cidade desenvolveu-se. Esta ¨criatividade¨ que movimentou as ações que chamamos que economia criativa – houve circulação e produção da criatividade em torno de uma meta que trouxe uma demanda – pilares da economia.( ABAIXO , COOPERATIVA DE ARTESÃOS NO PIAUÍ )




6 - EXISTE ECONOMIA CRIATIVA EM JOINVILLE ?
HELGA - Sim, existe..Já há várias empresas aplicando estímulo a criatividade, vários setores criativos se fortalecendo, a gestão cultural antenada e o conceito vai se difundindo.( ABAIXO , HELGA E O MÚSICO E SÓCIO-PROPRIETÁRIO DA TUCUNARÉ , GILBERTO MACHADO , O " FORMIGA " )







7 - O QUE PRECISA MUDAR NO CENÁRIO CULTURAL DA CIDADE ?
HELGA - O Cenário cultural da cidade está bastante movimentado por parte da classe artística , ( ABAIXO , APRESENTAÇÃO DA COMPANHIA TEATRAL JOINVILENSE DIONÍSIOS )




embora ainda não se conscientize do seu potencial dentro da economia criativa. A gestão precisa urgentemente de inovação e o empresariado ( ABAIXO , REUNIÃO DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE JOINVILLE - ACIJ ) precisa passar por um processo de conscientização da importância da cultura (no sentido amplo) em seus processos de inovação



8 - POR ÚLTIMO , QUE MENSAGEM GOSTARIA DE DEIXAR AOS LEITORES DO ALAMEDA CULTURAL ?
HELGA - Todas as pessoas, independente da idade, sexo, formação ou condição sócio econômica tem potencial criativo para encontrar soluções alternativas a problemas que enfrentam. A experiência vivencial hoje é bastante valorizada em todos os setores de atuação. Acredite em si e no potencial que cada um tem e saia da caixinha em busca do que te faz feliz. Estar bem é o primeiro passo para a prosperidade.



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