Por que refletirmos apenas na época do Natal ? Não podemos fazer isso em todas as época do ano ? E é justamente uma reflexão sobre nossa alma , ou seja sobre a pessoa que somos , a que nos convida a belíssima crônica-poesia de hoje , de autoria do escritor e poeta francisquense GIOVANNI LEMOS . E que tal aceitar o convite ? CONFIRA :
"O reflexo é a representação mágica da nudez de sentimentos .
É o instante reproduzindo que se esvai em cálidas névoas leitosas de energias . É a sutileza dos momentos próprios que criamos para nós mesmos .
A alma
gera e emana sentimentos que se diluem ao sabor dos ventos . São brisas tênues que nos envolvem e ambientam os espaços que ocupamos e transitamos . Em solo nem sempre adequadamente fértil , no plano , o que é criado ventila e inquieta o instante apresentado como forma o abstrato . Formas inéditas transparecem e revelam o oculto inebriado .
Túneis cônicos transformam-se em saídas de fuga , projetando fluidamente a essência a ser revelada . Todos são perceptíveis ao se revelarem em tímidas vibrações que definimos por ser 'irradiações psíquicas ' . O que geramos flui e reverbera continuamente , criando uma aura que contorna as formas numa explosão de sentimentos
visíveis aos cegos , céticos e incrédulos .
Pululam, nos espaços , grandes sensações que agradam ou incomodam os que creem , e até mesmo , os que ignoram . Os sensíveis se regozijam com o que absorvem e refletem belas paisagens . Os insensíveis apenas se surpreendem e nada propõem .
São como sinos que não propagam seus repiques .
Não há disfarces que deem jeito quando na alma nada temos .
A razão se esvai e o cognitivo assume uma posição que limita a imagem em uma breve projeção de refletida personificação . Em suma , o que se apresenta é o íntimo da alma desmascarado pelas impressões vividas em idílicas ilusões abstracionistas .
A beleza não é mais abstrata e sim é definida no espelho
que apresenta a poesia anímica do ser . Movimentos e gestos são elementos que identificam momentos cênicos . Vozes e clamores anunciam e denunciam pensamentos de efêmera plástica .
Outros instantes revelam ocultos reflexos que se libertam em fugas instantâneas e inesperadas . Como a crisálida que é rompida pelo encanto que desperta . Encanto da forma e da cor que voa refletindo sua sombra no jardim do empirismo .
A transparência da alma , como um fino tule , envolve e protege muitos egos que insistem em envergonhar-se . Translúcida , ela surge e tenta esconder-se debruçada no olhar . Basta olhar nos olhos de alguém que você enxergará , espelhada no lago das luxúrias vãs . Em uma verdade inalterável : os olhos são a janela da alma .
Janelas que aprisionam a liberdade de conhecermos quem são nossos pares .
Aberturas que não se abrem nem permitem que entrem e profanem seu sagrado oculto .
Nossas sensíveis almas são espelhos a refletirem o que no íntimo somos .
Iluminemos o mundo com luzes refletidas da alma . "
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