quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Golpe Do Cheque ( Uma Alegoria )

Na próxima vez em que você passar em frente ou entrar em uma agência bancária lembre-se que ela teve início com um grupo de ourives da Idade Média ..........Ourives ? Idade Média ? Como assim ? Já explicamos : os grandes proprietários de terras da Europa durante o período da Idade Média ( entre 476 e 1453 ) , também conhecidos como SENHORES FEUDAIS , não tinham onde guardar o seu ouro . A solução então era guardá-los com ourives , que no momento do saque ou do depósito do ouro emitiam papéis , com valores equivalentes ao da quantidade de ouro em questão . Mais tarde esses ourives criaram o que hoje chamamos de BANCOS e em lugar daqueles papéis surgiu a origem do cheque atual , a LETRA DE CÂMBIO . Como a tecnologia jamais para no ponto , os velhos cheques aos poucos passaram a dar espaço á novas formas de pagamento , especialmente o CARTÃO DE CRÉDITO , infinitamente mais prático e seguro . Os cheques estão quase virando peças de museu em 2007 o Brasil era o quinto país no mundo em que eles mais estavam perdendo espaço , perdendo apenas para a Bélgica , Suíça , Alemanha e Japão . Na crônica de hoje , mais das hilárias histórias de HILTON GORRESEN , ele nos conta como foi o seu encontro com um cheque desvalorizado . CONFIRA :

"Alguém aí já foi vítima de um golpe do cheque? Pois nem lhes conto. Estava andando tranquilamente pela cidade, quando, de súbito, fui golpeado traiçoeiramente por um cheque. Quando me refiz da surpresa, vi que era um cheque meio desbotado, com duas listras paralelas no peito. Era de pouco valor, desses que se encontram por aí às dezenas . 



Quis revidar a agressão atacando-o com meu cartão de crédito, mas isso poderia humilhá-lo.

 Não é bom, a classe dos cheques anda tão desacreditada. Suas vestes estavam amarrotadas e as calças remendadas, sem fundilhos suficientes. Podia ser um elemento perigoso, quem sabe por quantas mãos havia transitado ou, pelo escasso valor, tivesse sido jogado diretamente em uma latrina .
Depois, parece que se arrependeu de seu ato violento e me pediu desculpas. Estava desesperado. Creio que foi uma lágrima que lhe borrou a assinatura. Havia sido um cheque de respeito, cheque especial, aceito em todos os lugares, associado de clubes e de grandes convênios .

 Possuía credibilidade até no exterior. Passou por vários planos governamentais , ( ABAIXO , CAPA DA REVISTA VEJA DE 1989 , ANUNCIANDO O PLANO VERÃO )

 até que lhe deram uma rasteira. Um dia, foi recusado num boteco de terceira categoria. Aquilo foi um golpe irrecuperável. De sua saudável cor verde-amarela, foi definhando para um verde desbotado. E agora se encontrava nessa situação. Ultimamente tinha dormido num abrigo para inadimplentes .

Aquilo estragou meu dia. Confesso que ignorava a situação aflitiva da classe dos cheques. Muitas vezes passavam pelo vexame de serem carimbados e recarimbados na traseira e empilhados com todo tipo de documentos desclassificados, numa promiscuidade de bacanal romana . 

Como você, leitor, se sentiria levando carimbo na traseira ?
Com pena dele, sugeri que se inscrevesse no programa “Meu talonário minha vida” ou mesmo fizesse um curso no Pronacheque, a fim de dar um rumo melhor em sua vida. Seus contornos cansados se inflaram por um momento, parece que seu exíguo valor se ampliou um pouco. Me agradeceu e saiu cambaleando, enfraquecido que estava pela falta de lastro.
E fiquei ali matutando sobre a condição existencial dos cheques. Muitos deles atingem o auge e se acham os donos do mundo, esquecendo que o destino é imprevisível, é o ascensorista de Deus ;

 a subida é o prenúncio da queda (em outras palavras, tudo o que sobe, um dia desce). Os cemitérios dos cheques estão cheios de faustosos mausoléus, que certamente não servem de consolo àqueles que estão debaixo deles . "

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