terça-feira, 2 de setembro de 2014

A Mãe Acocorada Na Calçada

Não é segredo para ninguém que a EDUCAÇÃO vai de mal a pior.........e quando falamos em educação falamos também naquela que vem de casa . Em uma época em que os pais estão cada vez mais ausentes dos filhos e em que os próprios filhos estão cada vez mais mandando mais do que os próprios pais o caso presenciado pelo escritor DONALD MALSCHITZKY na crônica de hoje não é apenas uma demonstração de preocupação e carinho da mãe para com a filha  mas também um exemplo de civismo e educação , que infelizmente vão se tornando cada vez mais raros . CONFIRA :

"Acocorada ao lado da filha de uns três anos , a jovem mãe , com calma e carinho ,  mostrava-lhe o sinal luminoso para pedestres do outro lado da rua . Não segurava a menina , somente conversava e indicava . Diminuiu o movimento dos carros e a criança quis dar um passo , a mãe fez apenas um gesto de 'espere' - e havia suavidade nele - , apontou novamente o sinal e ambas ficaram ali , aguardando a luz verde . Atravessaram a rua de mãos dadas .



 Quis estacionar para aguardar por elas e parabenizar a mãe . Não teve como , pois trancaria a fila de carros  atrás de mim ,



mas ela bem que o merecia , pois , em tempos em que a educação passou a ser empurrada para a escola , a maioria dos pais parece mais preocupada em não respeitar as regras  de trânsito do que ensiná-las aos filhos .

 A cena remeteu-me à minha infância , quando minha mãe insistia para que eu olhasse para os dois lados  antes de atravessar a rua , embora a passagem de um carro por aquelas bandas , naquela época , fosse quase um acontecimento . ( ABAIXO , FOTO DE RUA DO CENTRO DE SÃO BENTO DO SUL NOS ANOS 50 )



 Foi uma daquelas mensagens que perdura não apenas por sua praticidade , mas pelo cuidado que encerra .

 O que aquela mãe fazia não era apenas ensinar a filha a atravessar a rua com segurança : educava-a nos passos da vida . Regras podem ser impostas , mas a vida exige muito mais do que cumprir regras , e aprender isso significa educação .



 Quantas ruas , avenidas , caminhos , veredas a menina ainda atravessará ?



Por quanto tempo haverá a mãe , de cócoras - porque mães devem saber se acocorar para ficarem do tamanho dos filhos - ao mesmo tempo ensinando e dando liberdade para seguir os sinais , evitar os perigos evitáveis e enfrentar os necessários ?



 Compreenderão ambas que os víveres são diferentes e essas diferenças podem se completar  ou se chocar ? Saberá a mãe sempre dar o sinal com calma e carinho e o aceitará a filha , confiante na experiência de quem já atravessou tanto mais  ?



 Serão os olhares sobre as feridas como bálsamo de empatia ? E quando as estradas se transformarem em desfiladeiros , quem estenderá mão forte ? Será preciso pagar algumas pegadas deixadas  por desperdício ? Haverá tempo para aprender todos os sinais e saber que ainda é preciso olhar para os dois lados ?

 Pode tanto acontecer ,  mas o gesto ficará . "

Nenhum comentário:

Postar um comentário