terça-feira, 22 de julho de 2014

Recordações e "Causos"

Vários fatores fazem Joinville ser uma cidade diferente e especial : o fato de ao mesmo tempo ser banhada pelo mar e ter parte de seu território atravessado pela Serra do Mar ; ter nome francês e colonização predominante alemã , inclusive com dialetos não mais falados na própria Alemanha sendo ainda falados em algumas regiões da cidade ; ter um palácio construído para um casal de príncipes que já jamais esteve aqui ...........e um jeito bem próprio de se expressar . Na crônica de hoje o jornalista ROBERTO SZABUNIA comenta sobre o que encontrou aqui há 35 anos , época em que adotou Joinville  e , em suas próprias palavras ,  passou a ter aulas de "joinvilismo" . O experiente  jornalista também nos traz  "causos" interessantes daquela época  . CONFIRA :

"

Há 35 anos e sete meses morador de Joinville, aprendi a respeitar e amar esta cidade, onde já estou mais da metade da vida. Ainda não recebi o título de cidadão honorário, mas este é apenas um detalhe. Considero-me cidadão joinvilense desde o momento em que retirei a última peça de mobília do caminhão,
 
 em março de 1979 . ( ABAIXO ,  FOTO DA CATEDRAL DE JOINVILLE , BATIDA NO FINAL DOS ANOS 70 )
 
Aliás, aquele caminhão foi o início de um aprendizado de 'joinvilismo' que parece não ter fim. Fugiu da memória o nome do motorista, mas todos o chamavam de 'Alemão' . Trouxe nossa mudança aproveitando uma ida a São Paulo para buscar mercadorias no Ceasa . ( FOTO ABAIXO )
 
 Eram frutas e verduras destinadas a um dos principais supermercados de Joinville na época, o Boehm, situado na rua Jaraguá, quase esquina com a Max Colin. Os outros estabelecimentos do gênero, vim a saber logo depois, eram o Riachuelo e o Odvan.
Ao perguntar sobre o custo da viagem, tomei contato com uma expressão típica joinvilense. 'Capaz!', respondeu o 'Alemão'. Confesso que, na hora, fiquei sem saber se ele estava ou não cobrando o frete. Mais tarde descobri que o 'capaz!' é sinônimo de termos como 'nem pensar, nunca, não mesmo '.
Instalado numa casa na rua Almirante Barroso, no América , ( ABAIXO , FOTO DO BAIRRO )
 
 comecei a me entrosar com a cidade. No primeiro sábado, resolvi praticar um pouco de tiro-ao-alvo
 
 com uma espingarda de pressão. Perguntando na vizinhança onde poderia comprar chumbinho, a resposta veio rápida e quase incompreensível: 'Pegue o zarco ali na Blumenau, vá pra cidade, desça no Dona Helena e passe no Tilp. Aproveite que hoje tem chimia fresquinha '. Caramba! 'Zarco, Dona Helena, Tilp, chimia.' Ir pra cidade? Mas eu já estou na cidade!
Depois de algumas perguntas, peguei o ônibus na rua Blumenau, fui em direção ao Centro, desci no ponto em frente ao Hospital Dona Helena , ( FOTO ABAIXO )
 
 descobri onde ficava a casa comercial Fernando Tilp, ( ABAIXO , FOTO ATUAL DO LOCAL ONDE FUNCIONAVA A CASA COMERCIAL CITADA )
 
 comprei meu chumbinho e aproveitei para levar um pote de gelia, schmier. Isso tudo depois de ouvir da senhora que me atendeu no balcão: ' Bom dia! O que era pro senhor? ' .
Você perdeu o horário do ônibus? 'Caixão pro Billy.' Até hoje ninguém soube me dizer quem é esse tal Billy.
- O quê, você não sabe? Éééééguaa!!!!!
Tudo bem, isso é só uma bobiça, né? Meu canário!
Chau! "
 

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