Crônicas e Concursos

A palavra CRÔNICA vem do grego KRONOS , que significa TEMPO . Como o seu próprio nome já indica ela é um texto literário que traz um comentário a respeito de algum acontecimento do presente e muitas vezes também do passado . Uma crônica nem sempre é sobre um fato real, podendo também ser um texto de ficção e um grande exemplo disso são as dramáticas e surpreendentes crônicas escritas por NELSON RODRIGUES ( 1912-1980 ) . Além de serem um espelho da época em que são escritas as crônicas são uma espécie de auto retrato de quem as escreve , sendo um  de diálogo entre escritor e leitores  e até mesmo um reflexo do lugar em que quem a escreveu vive ou viveu . Um grande exemplo desse último caso é HILTON GORRESEN , tímido e descendente de um dos imigrantes noruegueses que ajudaram a fundar Joinville , ao escrever ele simplesmente se transforma e em suas próprias palavras é "um descendente de nórdicos com alma francisquense " e suas refletem a irreverência do vizinho e alegre povo de São Francisco do Sul , onde ter um apelido é quase lei ! A seguir ele comenta sobre suas próprias obras . CONFIRA :

"Raramente participo de concursos literários . Meu estilo não é para concursos . Com as habituais exceções , os jurados desses certames se derretem por textos intimistas , cuja única ação se passa na mente dos personagens .

 O narrador deve ser onisciente , isto é , deve saber tudo o que se passa no bestunto alheio : monólogos interiores , devaneios , desejos , frustações , etc....Se nessa receita houver ainda pitadas de flashbacks , fluxos ( ou frouxos ) de consciência , pluralidade de pontos de vista , o bolo sairá mais enfeitado . Nada de crítica , é uma das vertentes da literatura . Quem sabe queiram encontrar nova Clarice Lispector .( FOTO ABAIXO )

 Apesar disso , em tempos idos , fui contemplado em dois concursos de nível nacional . Um deles organizado pela Federação Nacional de AABBs ( Associação Atlética Banco do Brasil ) , de Brasília ; outro pela Associação dos Funcionários Públicos do Rio de Janeiro . Por coincidência os dois certames tinham na denominação o mesmo homenageado : Sérgio Porto ou Stanislaw Ponte Preta .( FOTO ABAIXO )

 Possivelmente , na ocasião , não sabia que o que tinha escrito eram crônicas . Havia dado vazão ao incipiente estilo satírico e de humor , marca de um descendente de nórdicos com alma de francisquense . ( FOTO ABAIXO )

 Aliás , as primeiras crônicas das quais tomei conhecimento , quando havia terminado o estudo fundamental , foram as de Charles D´Olenger , pseudônimo do escritor Carlos Adauto Vieira ( FOTO ABAIXO )  , num dos jornais de Joinville .

 Sabia que eram crônicas pelo título do espaço : Aos Domingos , Crônica . Posteriormente passeia me deleitar com os textos de Henrique Pongetti , ( FOTO ABAIXO )

 na revista ' Manchete ' . Mas acho que naquele tempo as crônicas não pertenciam ao mundo dos jovens leitores .

 Quando publiquei meu primeiro texto , aos 20 anos , no jornal  jaraguaense ' O Correio do Povo ' , pouco me interessava a que gênero pertencia . Sei que provocou o divertimento dos leitores e isso me deixou feliz e orgulhoso . Ah ! O primeiro texto publicado . O primeirinho . Quem o esquece ? É como a moeda número um do Tio Patinhas .

 Achava que agora todos iam me reconhecer nas ruas .

 Minha costumava guardar meus textos numa grande caixa amarela , que depois me presenteou . Filho ingrato , depois de um tempo , dei um fim nos textos ( quem sabe por vergonha ) . Mas , para me penitenciar , conservo ainda hoje a caixa amarela para guardar as contas .

 Não fui eu que escolhi a crônica . Fui levado a ela a fim de ' colocar no ar' as conversas consigo mesmo . Quem sabe um dia , quando a memória me falhar , possa reler meus textos para lembrar do que penso sobre o mundo . "