terça-feira, 20 de maio de 2014

Lar Doce Lar

Tão marcante quanto a própria novela ROQUE SANTEIRO , uma verdadeira crítica à sociedade brasileira , é sua trilha sonora . Entre as preciosidades que lá se encontravam está DE VOLTA PROACONCHEGO , cantada por ELBA RAMALHO e que serviu de tema para o retorno do personagem ROQUE LUIZ DUARTE , O ROQUE SANTEIRO ( interpretado brilhantemente pelo já saudoso JOSÉ WILKER )para a sua ASA BRANCA natal depois de longos anos de ausência . A música também poderia ser a trilha sonora da crônica de hoje , de ROBERTO SZABUNIA , e que de certa maneira também é um pouco da história daqueles que deixaram suas pequenas e acolhedoras cidades em busca de um futuro melhor nos colossais centros urbanos . CONFIRA : "Como é bom voltar pra casa , não é mesmo ? Seja da aula , do trabalho , de uma saída noturna , de um final de semana na praia ......Ver o prédio de longe ou o portão de casa ...... Dá uma sensação gostosa , concorda comigo , prezado leitor ? Vejo-me no passado , criança ainda , caminhando pelas ruas de Rio Negrinho , gastando Conga no chão empoeirado , pedregoso ou enlameado - não havia pavimentação naquele tempo . Só nos primeiros dias de aula no primeiro ano do primário , alguém da família me levava até o colégio , depois , esperava na esquina até começar a passar os colegas mais velhos , e com eles ia e voltava . E , por melhor que fosse a aula , como era bom voltar ! A saída coincidia com o fim do expediente da manhã da móveis Cimo e geralmente encontrava no caminho meu pai , tio , tia , avô ......Em casa , vó esperando com o almoço pronto - papai e tio Camiseta ainda batiam ponto na venda , pra pinguinha . Mais tarde , no ginásio , todo feito no período vespertino , a volta podia ter continuidade no campinho , se fosse horário de verão . Se não , lavar os pés e ver seriados na TV ( era tempo de Terra de Gigantes , Daniel Boone , Viagem ao Fundo do Mar e outras preciosidades , entre elas a minha preferida , Pedidos no Espaço ) . Durante o segundo grau , novamente de manhã , eu era o último a chegar , pois a aula terminava meia hora após o apito da Cimo . Meu almoço esperava pronto no prato , sobre o fogão a lenha . Almoçava assistindo ao Sítio do Pica-Pau Amarelo , aquela versão coma música do Gil na abertura . Corta pra São Paulo . Nada mais de volta pelas tranquilas - e já calçadas - ruas de Rio Negrinho . Período integral na faculdade , duas idas e duas voltas , ambas atravessando a movimentadíssima avenida Nove de Julho com suas quatro faixas . E mamãe lá na janela , no último andar , só aliviada quando a travessia terminava . Naquele tempo de capital paulista , senti como doía a saudade ! Como era bom descer do ônibus na rodoviária de Rio Negrinho , mochila ás costas , já encontrando os primeiros amigos ali mesmo , na lanchonete . Chegar em casa , beijar a família , entrar no velho quarto , agora dividido com o primo . Ah , o cheirinho do lar ......O mesmo aroma eu sentia alguns dias , ou semanas ou meses , dependendo do tempo que ficasse fora , ao retornar para o Bexiga , cumprimentar o porteiro Joaquim e lhe dar mais uma carteira de cigarros , pegar o elevador e entrar no apartamento , no meu quarto......Lar , doce lar . Adulto , experimentei o aconchego de mais um lar , agora ao lado da esposa , mais tarde os filhos . Como meu pai , avô e tios , agora eu ia ser recebido com abraços em casa ( e latidos e rabos abanando , pois tirando o período paulistano e os últimos 17 anos novamente vivendo no apartamento , sempre tive cachorro ) . acabo de voltar de uma caminhada . Só uma horinha , mal perdi de visa o prédio . Mas como é bom entrar em casa ....."

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