segunda-feira, 21 de abril de 2014

Terça ou quando você quiser

Entre bilhões de pessoas que vivem neste planeta , com diferentes culturas , religiões , países , tipos físicos , etc.... só existe algo em comum , além do fato de todos pertencermos à raça humana : a certeza da MORTE . O grande ícone do rock brasileiro , RAUL SEIXAS ( 1945 - 1989 )filosofou sobre ela na ao mesmo bela e melancólica música CANTO PARA MINHA MORTE , de 1976 , em que define a morte como uma bela mulher vestida de setim .......Culturas como achinesa a festejam e a definem como o início de uma nova vida , já os céticos acreditam que a morte é pura e simplesmente o fim . A morte é sempre dolorosa e pode até ser traumática quando leva uma pessoa muito querida . Na comovente crônica de hoje JURA ARRUDA relembra de uma pessoa que teve fundamental importância para que ele se tornasse um dos grandes nomes da literatura local . CONFIRA : "Não lembro ao certo sobre o que conversaríamos , sempre tínhamos muito a dizer . Lembro que era uma daquelas fases em que as atribulações não nos permitiam mais do que o necessário , o que urge , o que não lembraremos com saudade . Ela sugere a terça-feira , mas generosa , abre a possibilidade de que seja quando eu quiser . Fui na terça . Ela se mudara há pouco para uma casa de esquina sem muro . Ela também não tinha muros , quem chegasse na vida podia entrar . Incensos , almofadas e gatos dividiam espaço na sala . A mesa de trabalho ficava um pouco além ; chás e chocolates por sobre papéis . A mesma mesa que testemunhou sua tentativa de me convencer a tomar parte nos movimentos sociais e políticos . ' Você tem que participar ! ' Relutei por muito tempo . ' Não quero . Não sou hábil . Não tenho estômago . Quero só escrever, quietinho . ' Ela não me entendia . Eu também não a entendia . Com o tempo descobri que ela tinha razão . Eu precisava tratar da gastrite e ser mais efetivo nas questões culturais e políticas . Lembro agora . O assunto daquele dia não era político , falamos sobre a vontade que ela tinha de subir novamente no palco . Eu escrevia uma peça , o nome nasceu num telefonema anterior , 'Terça ou quando você quiser ' . A personagem dela seria uma fotógrafa . Tempos depois , ela fez trabalhos como fotógrafa , veja só ! O tempo passou e a peça não ficou pronta . Ela tinha pouco tempo . Não sabíamos . Na Índia , um senhor afirma ter nascido em janeiro de 1835 . ( FOTO ABAIXO ) Documentos comprovam isso , mas nenhum exame foi feito para confirmar . Ele acredita que a morte esqueceu dele : ' Acho que não vou mais morrer . Nunca vi ninguém morrer com 150 , 170 anos . ' Sua lógica é estapafúrdia : é preciso viver muito para viver para sempre . Outra senhora , japonesa , completou recentemente 116 anos . ( FOTO ABAIXO ) Questionada se estava feliz , respondeu que ' mais ou menos ' . Tanto o indiano quanto a japonesa conquistaram o que a maioria de nós almeja , mas não são felizes . O tempo faz aumentar o acúmulo de perdas . Caroline Liza tinha apenas 39 anos . Acumulou perdas , mas certamente equilibrou com conquistas , a última delas , o amor de Diogo , que a fazia mais feliz e mais forte . Um amor que lhe deu aconchego na fase mais difícil . Um amor que muitos de nós não conhecerá , nem em 170 anos . A Carol ,generosa e atenta , acreditou no Jura quando ele tinha desistido . Fez dele escritor de , até aqui , quatro livros infantis . Era apaixonada pelo Fritz e cheia de planos para ele e seu autor .( ABAIXO , CAPA DO LIVRO ) Mas precisou partir antes , partiu numa terça -feira . A gente se encontra um dia de novo , em uma terça ou quando o Universo quiser . Enquanto isso , saudades de você . "

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