quinta-feira, 6 de março de 2014

Histórias do Hilton............A Era do Celular

Aquele estranho aparelho era para ser destinado aos surdos e o seu nome também era um tanto esquisito : TELEFONE . Quando em 1876 o escocês GRAHAM BELL criou o seu grande invento nem em seus sonhos mais delirantes e otimista imaginava que um dia aquele aparelho aproximaria as pessoas , encurtaria distâncias , ajudaria a fechar negócios , acordos e até a fazer espionagem e guerra . Também não poderia imaginar que ele um dia se tornaria um aparelho pequeno e portátil , podendo realizar inúmeras funções e do qual muitas pessoas dependem . Na crônica de hoje HILTON GORRESEN comenta sobre algo que faz parte de nosso cotidiano : O TELEFONE CELULAR . CONFIRA : "Ainda não deixo de me assustar quando , de repente , na rua , alguém atrás de mim inicia uma conversa no celular . Olho para trás : será que é comigo ? Ou ainda me sinto 'aperreado' quando em um local público tenho de ouvir a conversa de fulana com o cabelereiro , ou do sicrano com o encanador . Mas isso deve ser excelente para os fofoqueiros , curiosos da vida alheia . A primeira vez que ouvi falar de telefone celular foi no impeachment de Collor . Eu me encontrava em Brasília , juntamente com a multidão diante do prédio do Congresso Nacional aguardando o resultado da votação . Dizia-se que o então presidente acompanhava os resultados de casa , ao celular , por intermédio de sua 'tropa de choque' . Celular ? Que diabos era isso ? Posso dizer que participei de um movimento histórico : não o impeachment ( pelo andar da carruagem , acho que devíamos pedir perdão ao Collor - FOTO ABAIXO ) , mas o aparecimento do vovô celular . No começo esse aparelhinho servia apenas para falar ; era uma comodidade da elite , mais uma demonstração de status . Como é natural , com a produção em massa passou a ser vulgarizado . Difícil encontrar operário , servente de obras ou diarista que não o possua . Em qualquer lugar , no ônibus , no restaurante , no supermercado , as pessoas sentem-se na obrigação de ligar para alguém . Algo como ' Benhê , o preço do chuchu baixou...' ' Benedita , já deu comida pra cadelinha ? ' Hoje é um objeto que faz parte dos apetrechos que as moças carregam , assim como o batom , o pente , a pílula , o absorvente e outros . Bebês já nascem cutucando a telinha ; para dar às crianças noção de espaço , basta dizer que o lado esquerdo é o da mão que carrega o celular . Mas é bem capaz de haver ainda aquela velhinha , surda , de frágil memória , que se assusta diante de uma estronvenga de tal natureza . O aparelhinho serve ainda para falar , mas essa função tende a ser esquecida , como tantas outras inovações que a ele se agregaram , e que não é necessário citar . É chover no molhado . Só falta , se ainda não o fizeram , usá-lo como controle remoto do carro , da televisão , da porta do apartamento e mesmo para chamar o elevador . Para ligar para casa é bom ter cartão telefônico no bolso . O que ficou prejudicado com essas inovações tecnológicas foi o simples ato de conversar . Aquilo de estar uma pessoa diante da outra , uma falando , outra respondendo ,lembram ? Imagino , em breve , os membros da ONU reunidos em torno da mesa de decisões , cada qual , absorto , cutucando a telinha do celular ."

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