terça-feira, 29 de outubro de 2013

O jornal que nasceu de um caso de amor

O título deste texto não é nenhum exagero !Um dos maiores jornais da história de Joinville surgiu do caso de amor entre um jornalista húngaro e uma jovem filha de imigrantes alemães.EDUARDO SCHWARTZ,jornalista, nasceu em Budapeste a 17 de maio de 1865 e imigrou para o Brasil em 1888,estabelecendo-se primeiramente no Rio de Janeiro e mudando-se logo a seguir para Santos.Na portuária cidade paulista conheceu a jovem AUGUSTE PAHL,joinvilense e filha dos alemães KARL e HENRIETTE PAHL,radicados em Joinville em novembro de 1854.De Santos o casal partiu para Joinville em 1893. Entre 1892 e 1893 circulou em Joinville um pequeno jornal redigido em alemão chamado VOLKSSTAAT(ESTADO DO POVO),que apoiava o chamado movimento federalista(movimento que visava tirar do poder o então presidente Floriano Peixoto e também mais autonomia para os estados brasileiros).Com a derrota do moimento o jornal deixou de existir e Eduard Schwartz comprou de seus antigos diretores o material tipográfico(ABAIXO FOTO DE ANTIGA MÁQUINA TIPOGRÁFICA), criando em 1895 outro jornal escrito em alemão:o JOINVILLENSER ZEITUNG.O desafio era enorme!O recém criado jornal concorreria simplesmente com KOLONIE ZEITUNG,em circulalçao desde 1862 e um dos maiores jornais em língua alemã do Brasil!O novo jornal não só deu certo como atingiu praticamento o mesmo prestígio do Kolonie Zeitung,circulando em outras regiões do estado,do Paraná e do Rio Grande do Sul e sendo um jornal duradouro:com a exceção de um breve período durante a Primeira Guerra Mundial(1914-1918)em que deixou de circular,o jornal só deixou de existir em 1938,em virtude da chamada Campanha de Nacionalização do governo federal e que visava as antigas colônias alemãs e italianas do sul do Brasil. Embora a grande maioria da população de Joinville fosse de origem alemã e o alemão fosse mais falado que o português,a maior parte da elite da cidade era de origem portuguesa(muitos descendiam de antigas famílias que viviam na região antes da fundação de Joinville em 1851).Era então necessária a existência de um jornal em língua portuguesa e até então dois jornais com o mesmo nome,GAZETA DE JOINVILLE, haviam existido e ambos tiveram curta duração.Eduard Schwartz aceitou mais esse desafio e em 9 de abril de 1905 entrava em circulação um novo jornal chamado GAZETA DE JOINVILLE.O seu grande concorrente era o jornal COMÉRCIO DE JOINVILLE,pertencente a ABDON BAPTISTA e que tinha como seu principal redator o combativo e atuante jornalista CRISPIM MIRA(que seria assassinado em 1927,em Florianópolis ,por denunciar um esquema de corrupção no porto da capital).Em 31 de dezembro de 1913 os dois jornais se fundiram,criando o embrião daquele que viria a ser o JORNAL DE JOINVILLE,cuja circulação teve início em 1 de janeiro de 1919.Além de ser um jornalista atuante e empreendedor também atuou na área política da cidade ,sendo vereador entre 1907 e 1911 e entre 1915 e 1929.Homem de temperamento e opinião fortes teve como seu grande desafeto AURINO SOARES,fundador e proprietário do jornal A NOTÍCIA.Em 18 de abril de 1934 ele acabou falecendo e hoje dá nome a uma rua do bairro Guanabara. Com a sua morte o controle do jornal passou a viúva Auguste,tendo como gerente um dos filhos do casal,Frederico.Em 5 de agosto de 1947 o jornal acabou sendo comprado pelos DIÁRIOS ASSOCIADOS,um império jornalístico pertencente ao poderoso empresário e jornalista paraibano ASSIS CHATEUBRIAND(FOTO ABAIXO). Em muitas ocasiões,especialmente entre 1951 e 1956,o jornal chegou a superior o seu grande concorrente A NOTÍCIA em números de tiragens,anunciantes,vendas e ,é claro,em conteúdo jornalístico.Além disso o jornal apoiava declaradamente a UDN(União Democrática Nacional),partido hegemônico na cidade e que tinha como seu grande líder local JOÃO COLIN(prefeito da cidade entre 1947 e 1950 e entre 1956 e 1957-FOTO ABAIXO) e também tinha enormes ligações com a elite da cidade.Após funcionar na rua Ministro Calógeras,o jornal acabou sendo transferido para o que foi a casa de Procópio Gomes de Oliveira(prefeito da cidade entre 1903 e 1907 e entre 1911 e 1915),em frente ao atual prédio do SENAI(bairro Bucarein,avenida Procópio Gomes-FOTOS ABAIXO). Com a morte de Assis Chateubriand em 1968 os Diários Associados entraram em decadência e o JORNAL DE JOINVILLE começou sua lenta agonia.Em 29 de junho de 1980 o jornal teve um fim melancólico e praticamente ignorado.Chegava ao fim a saga iniciada por aquele jovem jornalista vindo da distante Hungria.

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