terça-feira, 22 de outubro de 2013

Crônicas de Joinville: Um aroma desaparecido

Ele foi um dos fundadores da Academia Joinvilense de Letras e da Academia de Artes e Letras de São Francisco do Sul.Também foi um renomado advogado trabalhista que lutou pela volta da democracia e foi perseguido e preso pela ditadura militar.Durante muito tempo assinou seus artigos e crônicas com o pseudônimo de CHARLOT e hoje dá nome a ponte que faz o acesso entre a Câmara de Vereadores de Joinville e o Centreventos Cau Hansen.Este foi um breve histórico de CARLOS ADAUTO VIEIRA,que na crônica de hoje relembra uma característica de Joinville que já não existe mais.CONFIRA: "Em 1957,fui convidado por alguns vizinhos da rua Henrique Meyer para comer,numa sexta-feira,costela assada na brasa.(ABAIXO,CARTÃO POSTAL DE JOINVILLE NA DÉCADA DE 50) Não era novidade para mim,pois meu pai e alguns tios tinham matadouro em Capoeiras(BAIRRO NA PARTE CONTIENTAL DE FLORIANÓPOLIS),no Caminho do Abrahão,e sempre havia costela assando na brasa numa enorme e improvisada grelha,que já fora portão de ferro,apoiada em tijolos,ao lado do matadouro e sob um vergel de figueiras,castanhas-do-pará e pitangueiras. Aceitei o convite e fui saborear o prato que,durante muito tempo foi o meu favorito. Tão saborosa estava a costela na brasa que especulei amaneira de como se a fazia.E fui informado pelo saudoso Ernesto como ele a preparava para ser favorito às sextas-feiras de uma enorme e fiel freguesia.Então,às sextas-feiras,descobri o aroma da mesma ,assada,em muitos pontos de Joinville,que se espalhava pelo ar em todos os cantos da cidade. Havia assadores de fama:Ernesto,Fleith(na 15,fundos do Posto do Kluver),Zé Gordo(na Dona Francisca,final da dr. João Colin-ABAIXO,FOTO DA AVENIDA JOÃO COLIN NA DÉCADA DE 50) ,Lohmann(no Iririú) e o Zé do Trilho(início da Monsenhor Gercino).Sem contar o da festa do Ginástico,que também nunca mais se realizou. De repente desapareceram estes assadores afamados e competidores entre si.Hoje ,não é fácil encontrar uma boa costela,bem escolhida.E sobriamente assada.Ao ponto.Na própria ripa. Ao que eu saiba(e tenho procurado0 sobrou o Adolpho,no Anita Garibaldi,onde o Sérgio assa e o Celso,filho do Chico Silva,chef e proprietário do antigo restaurante Colon,na Jacob Richlin serve. Foi o meu neto,Carlos Eduardo,jovem e promissor advogado,quem me levou até lá.E já fiquei freguês,burlando certa interdição médica.Mas de lá é muito difícil ver o aroma da cidade,como dantes,inundando-a com uma publicidade direta e atraente,colocando água na boca de meia Manchester. Inexplicável fenômeno:com o desaparecimento dos exelsos assadores,desapareceu o aroma sexta-ferino,tradicional e típico de Joinville do século passado.Lembram-me,igualmente,o Lohmann,ainda,no Iririú. Estariam apagando os braseiros em colaboração contra o efeito estufa,tão ameaçador às nossas vidas a curto prazo?"

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