quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Histórias do Hilton.....A avó da redação

Agora outro texto do escritor francisquense HILTON GORRESSEN.É um texto com certo ar de nostalgia e que lembra o discurso de certos políticos.CONFIRA: "Alguém se lembra do antigo programa de rádio 'Balança mas não cai'? Nele, o personagem 'Burraldo' apresentava ao professor, a cada dia, sua nova 'descomposição'. Estava simplesmente 'avacalhando' uma forma de texto que pode ser considerada a avó da atual redação: a composição. A composição fazia parte de uma visão elitista do ato de escrever, proveniente do bacharelismo do final do século 19, que dominou a produção escrita por largo tempo (e ainda possui seus cultores). Levava-se muito a sério a filosofia de que 'a linguagem é a expressão do pensamento'. Não havia preocupação com o leitor, e sim de mostrar um pensamento culto e erudito. Compor um texto era utilizar belas metáforas, vocabulário rico e exótico, mesmo que o pobre leitor não entendesse bulhufas. Ele que fosse ao dicionário, assim aprenderia alguma coisa. Isso não lembra o famoso personagem Odorico Paraguaçu?(FOTO ABAIXO-PERSONAGEM INTERPRETADO POR PAULO GRACINDO NA NOVELA O BEM AMADO ,DE 1973) Estudiosos da língua digladiavam-se na imprensa em torno de questiúnculas de sintaxe. Os 'manuais de composição' tinham como principal diretriz o bom uso gramatical e vocabular e apresentavam modelos que os estudantes deveriam copiar. Os mais utilizados modelos dessa cultura bacharelesca eram escritores como Rui Barbosa(FOTO ABAIXO) ou Coelho Neto, que escreviam de modo precioso, porém incompreensível ao mortal comum. Não se procuravam a objetividade e a clareza, tão importantes hoje. As composições, em sala de aula, eram dirigidas ao professor, que assinalava com tinta vermelha os erros gramaticais. Essa visão da linguagem predominou até recentemente (será que ainda existe?) na comunicação administrativa de antigas estatais, a qual valorizava o tamanho e a complexidade do texto, mesmo de um simples memorando."

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