quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Contos de Joinville:Vidas e Faróis

Mês novo,seção nova no ALAMEDA CULTURAL!A cada semana publicaremos uma pequena história escrita por algum escritor joinvilense.E a honra de abrir nossa nova seção é de VIVALDO BORDIN JÚNIOR,corretor de imóveis,poeta e contista.VAMOS CONFERIR! "Cotidiano de um operário é assim mesmo,trabalho,atenção,dedicação e cansaço.Ele,naquela noite,já havia cumprido sua jornada.Chegou a rodovia estafado das máquinas,dos clecs,clacs,vapores de peças e óleos.Sonhava com o cheiro de sua casa,o veludo das pernas da patroa,o cangote do seu filho,logo estaria lá.No asfalto as luzes passavam riscantes,carregando o som pesado de muitos motores,aumentando o lufar do vento ,que escorria forte,gelado,rigoroso,do inverno.E ele a viu,brotou um sentimento insano,sentiu-se quente,teso,suado,como a desejou. Cotidiano de uma rameira é assim mesmo,dorme quase o dia todo,quase todo dia,numa vida em serpentinas.Naquela noite levara os filhos para a casa de sua mãe;depois,de volta ao seu canto,arrumou-se para a caçada diária.Após a maquiagem colocou um conjunto de lingerie e cinta-liga vermelho chocante.Vestiu o sobretudo longo, para encarar o frio e rumou para cumprir sua luta ,se exibindo aos faróis,revelando o seu corpo aos olhares dos veículos ,aos açoites dos ventos gelados.Foi quando ela o viu e,por um momento inútil,imaginou-se entre os pneus ,sendo dominada por aquele borracheiro gigante ,desejou-o ,úmida,ardeu em calor,como o queria. Cotidiano de borracheiro é assim mesmo,cansativo,estúpido,suado,marretado,coisas de peso-pesado naquela noite fria.As luzes da jamanta chegaram iluminando pátio,motor do 'bruto' rugindo ,parando o seu corpanzil,alardeando que chegara a hora do borracheiro se esforçar na labuta,arrumando o sapato preto do gigante.E os viu,num lapso cansado,no vento noturno,no instante em que se preparava para soltar as porcas e borrachas .Primeiro divisou a moça mostrando suas curvas e olhando para ele .Do outro lado enxergou o operário,que olhava para a garota de um jeito tão guloso que só para os maliciosos esse olhar se revelava.O borracheiro olhou bem os dois e tremeu,ele desejou.Gemia ,fazendo força,trabalhando,querendo,ardendo suando.Como os almejava,sim,os dois,os dois."

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