sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Alvas Lápides de Arlington

Outro olhar de DONALD MALTCHZKI sobre a sociedade,desta vez sobre algo estúpido chamado guerra,que enriquece uma minoria e desgraça a vida de milhões de inocentes.CONFIRA: "'Fita com o olhar langue e cego os céus perdidos'-Fernando Pessoa Parece que,neste instante,estão em andamento mais de 200 guerras ou revoluções no Planeta Azul.E milhares de 'soldados armados,amados ou não,quase todos perdidos de armas na mão',conforme o Vandré de então.E milhões de crianças sem pais,sem país,sem comida ,sem amor ,sem caridade.E milhares de adolescentes matando outros sem saber o porquê,mas achando que sabem.E senhores da guerra(FOTO ABAIXO) que sabem,sim o que fazem:enviar os outros para a morte com a promessa de serem chamados de heróis. Por duas vezes caminhei pelo cemitério de Arlington,na Virgínia.Em suas colinas,outrora pertencentes a família do general Lee,comandante das forças confederadas na Guerra Civil Americana,jazem 300 mil soldados mortos em conflitos bélicos dos Estados Unidos,dentro ou fora do país.Na segunda caminhada,no auge do outono,a paz das alvas lápides misturava-se à resignação das folhas que ,depois de verdes,passaram para o vermelho,depois ocre,para,finalmente,marrons,caírem sobre a verde grama sobre as intermináveis fileiras de símbolos da morte simetricamente dispostos. Uma paz de 'memento mori' Entalhadas nas lápides ,cruzes,estrelas de David,a lua crescente com estrela-não vi a Roda Dármica ou o Aum,mas devem estar lá assim como outros símbolos religiosos-,a mostrar que havia várias profissões de fé e um só destino:matar os chamados de inimigos,mesmo que irmãos de fé,e ser morto por eles. Soprava o vento a farfalhar as folhas e seu sopro trazia lembranças do pó do passado,carregado de dor e compaixão pelo Outono negado à maioria dos ali sepultados ,ceifados na Primavera de seus sonhos. Se os 300 mil ali enterrados e os milhões simplesmente soterrados em valas comuns,sem direito a lápides,mais os que apodreceram ao léu,espelhados pelos campos de batalha abandonados ,pudessem de uma vez,levantar-se e contar histórias para velhos e crianças?Histórias de sangue e gritos e medo;histórias de horror,um horror chamado guerra.Histórias que ninguém quer contar e ninguém quer ouvir,porque não têm nada de heroísmo,nada de que se deve lembrar com orgulho. Teríamos paz,mesmo que fosse apenas para ouvir as histórias?"

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