terça-feira, 16 de julho de 2013

entrevista:escritor DAVID GONÇALVES

Agora uma entrevista com o grande escritor paranaense,radicado em Joinville,DAVID GONÇALVES.Detalhe:O ENTREVISTADOR FOI ELE MESMO!Agora vamos a primeira parte da entrevista: "O escritor David Gonçalves [1952-VER FOTO ABAIXO] está lançando o seu novo livro de contos Entrem e sejam bem-vindos. É o décimo sexto livro de sua autoria. No gênero literário, obviamente, pois na área técnica ele tem mais de dez livros também. David é professor universitário, palestrante e consultor de empresas. Começou escrever aos quinze anos e não parou mais. Atualmente, é um dos autores mais lidos nos três Estados do Sul. Seus contos e romances, em linguagem simples, por vezes despretensiosa, relatam temas universais. 1- Sobre o que trata seu último livro Entrem e sejam bem-vindos? Este livro é uma coletânea de contos escritos nos últimos três anos, com exceção do conto "Maria Rosa, Rosa Maria", de 1972, quando ainda estava em Jandaia do Sul [Pr-VER FOTO ABAIXO]. Os temas são bem variados. Sou adepto do conto clássico. O Bem e o Mal estão numa luta constante e desigual. Eu sempre me preocupei com as questões sociais, a violência, o egoísmo, o fantástico e a ausência de valores. De modo geral, eles são frutos de uma condição social que se deu no Brasil: o êxodo rural. Pessoas simples e humildes, com o advento da tecnologia, foram expulsas de suas propriedades rurais e se instalaram nas periferias das grandes e médias cidades. Maringá é um belo exemplo disso, principalmente as cidades circunvizinhas, como Sarandi. Joinville, Curitiba, Londrina -- são outros exemplos. Nestes contos, há trabalhadores, fazendeiros, animais, padres, amantes, santos, loucos e demônios. 2-Como você avalia a linguagem utilizada em seus livros, em relação a algumas críticas que você recebeu? Eu sempre optei por uma linguagem simples, objetiva, sem devaneios linguísticos e desestruturação da forma. Faço isto como opção. Nunca pretendi escrever difícil. No Brasil, poucos lêem. Se escrever de forma rebuscada, aí ninguém lê mesmo. Adoro, por exemplo, Guimarães Rosa e confesso que ele me influenciou muito. Mas só os especializados em Literatura lê Guimarães Rosa(VER FOTO ABAIXO). Uma parte da crítica não gosta de um texto simples, objetivo. Outra parte, gosta e elogia. Bem, cada escritor tem seu estilo. Ter um estilo não é coisa fácil. O tempo dirá quem fica ou não. Coelho Neto escrevia muito bem, numa linguagem adjetivada, e era o grande herói na literatura nacional. Quem se lembra dele hoje? 3. Como foi o lançamento do seu primeiro livro As flores que o chapadão não deu, em 1972? Por que foi censurado? Eu morava ainda no sítio, em Jandaia do Sul. Trabalhava na roça. Sou filho de pequenos agricultores. De noite, cursava a faculdade. As flores que o chapadão não deu, um romance, foi publicado em mimeógrafo, no diretório acadêmico da faculdade. Hoje, quando falo de mimeógrafo, a nova geração não conhece. É um processo rudimentar. E o romance pegou. O enredo é sobre o racismo no Brasil, aliás, um dos poucos livros que trata do racismo, um tema que ninguém queria tratar na época. Uma espécie de tabu. Por exemplo, nas escolas nunca se disse que Machado de Assis era negro. Todos os seus retratos aparecem como homem branco. Naquele tempo de ditadura militar, temas assim inquietantes incomodavam muito. Sua terceira edição foi retirada do mercado e só depois de dezesseis anos voltou a ser publicado, quando a ditadura já tinha se extinguida. Acho que a questão racial no Brasil está cada vez mais presente. Gosto muito desse livro. O tema é muito atual.

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