terça-feira, 25 de junho de 2013

O primeiro observador

No longínquo ano de 1852 em um pequeno e recém surgido povoado chamado Dona Francisca,no norte da então província de Santa Catarina,a grande maioria das poucas cetenas de imigrantes europeus que ali viviam tinha um objetivo:lutar para sobreviver.Vivendo em um ambiente completamente diferente do europeu e um local onde havia tudo por fazer,sofriam com o calor,umidade,doenças,dívidas com a Sociedade Hamburguesa(empresa que loteou Joinville) e promessas não cumpridas por esta,ataques de animais peçonhentos como cobras,índios hostis,etc... Entre esses imigrantes-heróis havia um sujeito chamado KARL KONSTANTIN KNUPPEL,34 anos,agricultor e que havia chegado ao povoado em dezembro de 1851,procedente da cidadezinha de Pinne,no então reino da Prússia(hoje parte da Polônia).Aqui acabou assumindo o cargo de escrivão da Sociedade Hamburguesa.Observando tudo o que acontecia sentiu que era necessário um informativo que criticasse,debatesse e expusesse a realidade local e que ao mesmo tempo servisse de divertimento para a sofrida população local,com muito humor e ironia. Em 2 de novembro de 1852 surgia um jornalzinho chamado O OBSERVADOR ÀS MARGENS DO RIO MATHIAS ou em alemão DER BEOBACHTER AM MATIASSTROM,o que era uma ironia,já que em alemão um ribeirão como o Mathias(hoje canalizado e que, entre outros,está abaixo do ginásio Abel Shultz-VER FOTOS ABIXO) é chamado fluss e um rio strom.Era mais um informativo panfletário semanal do que um jornal propriamente dito(o primeiro jornal de Joinville foi o KOLONIE ZEITUNG em 1862,um dos primeiros jornais em língua alemã do Brasil e que circulou até 1942). Na ausência de papel-jornal e máquina tipográfica era escrito em papel de carta duplo,com apenas 50 exemplares e era vendido a 120 réis.Além de Karl Konstantin Knuppel trabalhavam nele mais 3 escreventes.Logo em seu primeiro número deixa claros diversos objetivos como:expor uma opinião;informar aos colonos sobre a realidade da colônia;informar sobre as obrigações da Sociedade Hamburguesa;informar sobre os direitos e obrigações dos colonos;esclarecer assuntos como escola,igreja,hospital,caridade e coletas;publicação de assuntos de interesse geral,anedotas e anúncios.Até mesmo denúncias graves eram fitas pelo jornalzinho como desvio de dinheiro,desmandos da direção da Sociedade Hamburguesa,falsificações de cartas de imigrantes elogiando a colônia e relatórios mentirosos da Sociedade Hamburguesa.Porém mesmo as denúncias eram feitas de uma maneira bem humorada.Ironicamente KNUPPEL quer dizer cacete ou porrete em alemão! Infelizmente se desconhece a existência de algum exemplar do jornalzinho(o chanceler alemão Otto Von Bismarck teria recebido um exemplar)e até mesmo o encerramento das suas atividades.Em 1861 Karl Konstantin Knuppel mudou-se para a cidade de São Paulo com sua esposa e filha,onde foi professor e diretor da Escola Alemã.Transferiu-se mais tarde para a cidade de Rio Claro e finalmente para Botucatu,também no interior paulista onde fundou o colégio Benjamin Franklin em 1880.Em 18 de setembro de 1895 falecia naquela cidade o pai da imprensa joinvilense.

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